RIO – Alcântara era contínuo do palácio do governo do Rio Grande do Norte. Afonso Pena, presidente da República, ia visitar o Estado. Alcântara pediu para fazer parte da comitiva que ia esperar o Presidente na estação ferroviária de Nova Cruz, fronteira da Paraíba com o Rio Grande do Norte.

O governador concordou. Mas o secretário do governador achou um absurdo. Onde se viu contínuo esperando presidente?  Chamou Alcântara:

-O governador deixou, você vai. Mas antes de o trem chegar na estação, você salta no Triângulo (Triângulo é o pondo de manobra dos trens, na entrada das estações).

 

AFONSO PENA

O trem do governador chegou na frente. Alcântara saltou no Triângulo. Daí a pouco o trem do Presidente entrou no Triângulo para fazer manobra. Alcântara subiu, foi entrando, deu de frente  com o Presidente e foi o primeiro a dar boas-vindas a Sua Excelência. E foi mostrando a cidade da janela.

Quando o trem do Presidente chegou à estação, o governador, o secretário do governador, os puxa-sacos do governador levaram o maior susto. Era Alcântara quem aparecia na porta, ao lado do Presidente, apresentando-o às autoridades estaduais.

 

ALCÂNTARA

Seguem para Natal. Cansado, o Presidente chegou ao palácio e pediu logo um banho. De repente abriu a porta do banheiro, meteu a cabeça:

-Onde está o Alcântara?

Alcântara apareceu, conversou com o Presidente, saiu. Ninguém entendia nada. E Alcântara sendo chamado e Alcântara atendendo.

No dia da partida, à beira do cais (o Presidente voltou de navio), Afonso Pena chamou Alcântara, deu-lhe um abraço e lhe falou alguma coisa no ouvido. Alcântara sorriu, saiu, não disse nada a ninguém.

 

A GARRAFINHA

Um mês depois, o Diário Oficial da União publicava um ato do presidente Afonso Pena nomeando Alcântara administrador do porto de Santos, Foi um escândalo no Rio Grande do Norte.

Mistério? Não. No bolso do paletó, tamanho portátil, Alcântara carregava sempre uma garrafinha de conhaque francês. E Afonso Pena era doido por um golinho de conhaque francês.

 

A COPA

Acabou a Copa. Uma bela Copa. As Copas são sempre um caloroso espetáculo do esporte mundial. Bilhões de todos os continentes olhando uma bola perseguida por duas dúzias de jogadores.

Mas é hora de tentar entender algumas coisas. Se todas as Copas têm os nomes dos países que as realizam (Copa da Alemanha, Copa da França, Copa dos Estados Unidos, Copa do México, Copa da África do Sul, etc), por que a nossa não foi a Copa do Brasil, a nossa Copa?

Não houve a Copa do Brasil. Era sempre a Copa da Fifa ou a Copa da Globo. Quer dizer, a Fifa e a Globo bateram a carteira da Copa do Brasil.

E quem jogou o dinheiro lá, uma dezena de bilhões, fomos nós,foi o Brasil.

 

SCOLARI

E esse estranho, estranhíssimo Felipe Scolari, hein? É preciso decifra-lo para conseguir entender o que aconteceu com o Brasil. Todos os países que participaram da Copa tinham suas seleções, criaram seus times, iam para o campo com eles. Cada um tinha o seu.

Só o Brasil não teve. O rechonchudo Felipe Scolari passou dois anos enganando uma Nação inteira. Recebeu 8 milhões para comandar uma seleção que não houve. Na hora, cadê o time? Cadê a seleção? Não havia seleção. Entravam em campo 11 garotos chorões, correndo de um lado para o outro, batendo cabeça, sem treinar, sem saber o que fazer e à beira do campo, com olhar atoleimado, sentado em um sofá, zombando de 200 milhões de brasileiros, o velho pançudo, inútil e ridículo, não conseguia sair da leseira. E dava entrevista. Dava entrevista.

Teríamos que perguntar a Alcântara. Quem na Copa era doido por um patrocinador, uma grana ou um golinho de conhaque francês?