A LIÇÃO DE  JK

 

PARIS – Ninguém me contou, eu vi. Foi há muito tempo, na década de 50. Eu morava, estudava e trabalhava em Minas como jornalista político (“O Diário”, “Diário da Tarde”e “Jornal do Povo”do Partido Comunista). Juscelino havia resistido ao golpe que levou Getúlio ao suicídio em 24 de agosto de 1954 e era candidato natural do PSD, do PTB e das esquerdas à Presidência da República em 1955.

Todos os dias invariavelmente íamos ao Palácio da Liberdade ver o governador e saber o que havia no pais e em Minas. Juscelino era um forte sitiado. A UDN mobilizou um cerco nacional no Congresso, na imprensa e sobretudo nos quartéis para vetar e impedir a candidatura de JK. Ele nunca perdeu o sorriso aberto com os olhos apertados.

Enfrentou tudo: a oposição desvairada de Lacerda na imprensa, o jogo duplo, às vezes triplo, de Assis Chateaubriand e Roberto Marinho nos seus jornais e televisão,  e sobretudo a resistência de uma banda do PSD dentro do seu partido, a começar por Benedito Valadares em Minas.

MINAS

Dias atrás uma jornalista perguntou ao senador Aécio Neves se ele se sentia um homem de sorte. Respondeu tranquilamente:

– Eu sou é determinado. Quando decido vou em frente.

Esta foi a grande lição que o Aécio recebeu de Juscelino e herdou do avô Tancredo Neves. Ser determinado e vencer os obstáculos. O que a UDN fez naquela época para detonar a candidatura de Juscelino pareceria hoje inacreditável. Só não era pior do que a artilharia bandida do PT hoje.

A UDN de Minas, achando pouco ter quase a unanimidade da imprensa nacional, ainda criou um jornal de luta, bem feito, bem escrito, com dinheiro à vontade: “Correio do Dia”. Nele escreviam os líderes nacionais da UDN como os de Minas, a maioria nossos brilhantes e queridos professores nas faculdades de Direito e de Filosofia.

Nas salas de aula eram sábios varões gregos. Nos palanques e jornais, demônios: Pedro Aleixo, Milton Campos, J M de Carvalho, José Cabral, Horta Pereira, Afonso Arinos, tantos outros. Pareciam imbatíveis, no entanto foram derrotados todos, um a um, e mais seus aliados Magalhães Pinto, Zezinho Bonifácio, pelo determinado Juscelino.

Para ganhar tiveram que rasgar a história libertária de Minas, inclusive o valente Manifesto dos Mineiros de 1943, indo buscar nos quartéis os generais hoje envergonhados do golpe de 1964. JK resistiu a tudo, venceu dentro de seu partido, o PSD, ganhou o apoio dos trabalhistas e da esquerda e em 1955 elegeu-se  Presidente.

AÉCIO

Até sábado, a internet trazia a notícia de que as primeiras pesquisas do IBOPE e do Data Folha no segundo turno, davam 2 pontos de frente para Aécio diante de Dilma. Já domingo chegava a bomba: o Instituto Sensus de Minas trazia a disparada de Aécio com 17 pontos a mais.

Conheço o Sensus. Conheço o Ricardo Guedes. É um instituto sério. É um pesquisador sério. Tem seu nome a zelar. Não iria comprometer a história, a imagem do instituto que ele dirige numa pesquisa fajuta que viesse a ser desmentida em 15 dias, como aconteceu com o espetáculo ridículo do IBOPE e do Data Folha no primeiro turno, errando em 15 pontos de diferença na última semana. Sem falar na espantosa e inacreditável Boca de Urna do Ibope, “pela margem de erro”.

Em 1955 a UDN dizia que Minas “massacraria” Juscelino na eleição. Quem garantiu a vitória de JK com 36,8% dos votos nacionais (não havia segundo turno, o mais votado do primeiro era o eleito) foi a votação esmagadora que Minas deu a Juscelino, anulando a vitoria de Adhemar de Barros em São Paulo e de Juarez Távora  no Rio.

Assim como Minas e tirando Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o resto do país também deu a vitória a Juscelino.

Está na hora de Minas pedir perdão ao Brasil pelo crime que cometeu em 1964 ajudando os norte-americanos e os generais golpistas a tomarem o poder e expulsarem Minas e seus líderes (Juscelino, Magalhães Pinto, Pedro Aleixo, Milton Campos), liquidando  seus bancos (Moreira Salles, Nacional, Mineiro do Oeste), vetando seu comando no Congresso Nacional, martirizando sua economia.

A missão de Aécio é recolocar Minas no seu tamanho nacional. Segunda maior população, segundo maior eleitorado, segunda maior economia, Minas tem a oportunidade de cobrar seu passado e é preciso que os mineiros tenham consciência disso e no segundo turno reparem o erro do primeiro, dando a Aécio a maior votação do Estado.

DILMA

Quem precisa de maracutaias e falcatruas  é Dilma e o PT com o escândalo da Petrobrás suspreendendo os mais incredulous dos petistas. Agora a nação já sabe que o PT (Lula, Dilma, a direção nacional) instalou na Petrobrás a mesma “organização criminosa” que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal de Joaquim Barbosa denunciaram, condenaram e prenderam no Mensalão.

A Nação sabe também que Dilma é uma siderúrgica de mentiras. Ela mente, mente demais, repete, insiste, e tudo o que diz é mentira, só mentira, sempre mentira. Mente nos números do governo, mente nos dados da economia e mente sobretudo no seu falso e dissimulado olhar.

Dilma sai desta campanha com nome novo: “Dilmentira”