PARIS – Se o saudoso e talentoso baiano Glauber Rocha estivesse aqui, teria que trocar o título de seu belo filme (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”) para “Deus e Dilma na Terra do Sol”.
Ela não enganou ninguém. No começo da campanha Dilma disse a jornalistas no Palácio da Alvorada:
– “Numa eleição a gente faz o diabo”.
E como está fazendo! No primeiro turno Dilma escalpelou, martirizou, torturou a elegante e tímida Marina, que preferia calar-se a responder à altura a mentiralhada e as grosserias de Dilma.
Agora vem o campeão do cinismo, esse inefável Lula, e acusa Aécio de ser “grosseiro” com Dilma porque “uma mulher não pode ser chamada de leviana”. Ora, a coisa mais leve que se pode dizer de Dilma é que é uma “leviana”. Na verdade o que a Dilma é é uma profissional da mentira. Como dizia o Padre Antonio Vieira dos ladrões, ela mente, mente, mente mais ainda, mente sempre, sempre, não pára de mentir.
Dilma agride a oposição com as palavras mais duras e até gestos obscenos. Perguntem a seus ministros o que é que ela faz quando é contrariada. E Lula quer convencer o país de que ela é só gordinha, uma inocente, pobrezinha, coitadinha, tão fragilzinha, santinha do pau oco.
DICIONÁRIO
O país gasta bilhões para ensinar a língua a seus alunos e aparece a Dilma estuprando a lingua e criando novo dicionário. Quando a maioria de seus ministros apareceu enlameada em falcatruas, em vez de dizer que eles estavam fazendo roubalheiras ela inventou que o que eles faziam era apenas “mal feitos”. E porque era só “mal feitos” voltaram todos ao governo nos mesmos ministérios ou em penduricalhos do governo.
Quando explodiu o escândalo da roubalheira na Petrobras o país sabia que o que havia era roubo mesmo. Enfiaram a mão no dinheiro. Pois volta a dona Dilma a pôr os corruptos embaixo de suas vastas saias e os protege dizendo que não houve roubo. Houve apenas “desvios”.
O grave é que o hábito do caximbo põe a boca torta. De tanto defender os corruptos do seu governo dona Dilma pode acabar agarrada pelo Supremo Tribunal Federal no “Mensalão da Dilma”.
O escândalo da Petrobrás é tão geral, tão amplo, tão vasto, que ninguém vai impedir que toda essa história acabe em uma rumorosa CPI no Congresso atingindo o dicionário, os “mal feitos” e os “desvios” da Presidente. Ela vai ter que providenciar um novo dicionário só dela.
T S E
Esta campanha eleitoral desmoralizou uma banda fundamental da política brasileira. Por exemplo, o uso do dinheiro público pelos candidatos oficiais. Dona Dilma transformou o Palácio da Alvorada em um escritoriozinho de segunda categoria onde ela reune cabos eleitorais e apaniguados todos os dias. E tudo com dinheiro público.
Quem é que está controlando a farra aérea da Presidente com os aviões oficiais? Quem é que vai cobrar os gastos públicos da Presidente em toda a sua campanha pelo pais afora? Já sei. Voces vão dizer que é o Tribunal Superior Eleitoral. Ora, o Tribunal Superior Eleitoral, com perdão da palavra, é um escritório eleitoral do Palácio do Planalto.
Afinal a maioria deles foi nomeada pela Presidente e está devolvendo em violações ilegais a nomeação que ganharam.
PESQUISAS
Ufa, passamos uma semana sem ouvir falar em pesquisas. Os principais institutos nacionais de pesquisas têm mais de meio século. Mas no primeiro turno de tal forma alguns chafurdaram na corrupção do governo que acabaram totalmente desmoralizados. O país com vergonha deles e eles, com mais vergonha ainda deles, calaram a boca, sumiram.
Mas evidente que esta semana eles vão voltar. Não perderiam a última faturada. Como dizem amigos meus, estudiosos de pesquisas, da Universidade de Brasília, as pesquisas brasileiras se transformaram no melhor negócio do mundo: você contrata uma pesquisa, negocia com outro instituto, os dois fingem que fazem a pesquisa e os dois apresentam o mesmo resultado, faturando ambos duas vezes de cada lado: com os jornais e televisões que publicaram as pesquisas e com os candidatos protegidos pelas pesquisas fajutas. Isso se chama mamão com açúcar.
IMPRENSA
Sócia e apaniguada dos falsos institutos de pesquisa, a nossa querida imprensa vai sair gravemente atropelada desta eleição. E em tantas armações entraram que os leitores, por não serem bobos, já perceberam que tudo não passa de uma trapassa geral. Como vai ficar a fidelidade dos leitores? Como vão ficar as compras nas bancas e as assinaturas? Como vão ficar os hábitos de leitura vindos de gerações?
E os anúncios? As agências de publicidades, os empresários vão engolir assim essa agressão escancarada aos leitores?
O pior é que atrás dos espertos veem os espertinhos, os chamados “formadores de opinião”. Envergonhados de mentirem por conta própria, inventaram agora as “pesquisas qualitativas”. O gordinho sinistro da página 2 do “Globo” rola e embola inventando “pesquisas qualitativas”. Isto é uma asquerosa falta de respeito aos leitores e assinantes como eu.
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