RIO – Severo Gomes, industrial, ministro da Agricultura no governo Castelo Branco e da Industria e Comercio no governo Geisel, senador por São Paulo, culto e patriota, chegou a Tutóia, pequeno porto do Parnaíba, no Piauí. Entrou no bar miúdo, ponta de rua. Na cabeceira da mesa, cabelos grisalhos, olhos esfuziantes, paletó e gravata, o velho professor do grupo escolar contava histórias de muito longe:
– Alexandre, o grande Alexandre, o maior dos generais da antiguidade, filho de Felipe da Macedônia, nas batalhas era uma águia, depois das batalhas um deus, bom e clemente. Um dia, ao fim de um combate terrível, foi visitar os prisioneiros e encontrou os generais do exército inimigo de joelhos, prontos para serem degolados. Um se levanta:
– Grande Alexandre, vamos morrer. Mas nossa morte será a maior das vitórias. Porque não há maior glória do que ter a cabeça cortada pela espada do grande Alexandre.
Alexandre olhou para o alto, como um deus:
– Levantem-se! Homens dessa bravura não podem morrer.
O bar estava calado, embriagado nos lábios do velho professor, que se ergueu, foi saindo devagar e já lá da rua encerrou a história:
– E o grande Alexandre levou todos para a sua Casa Civil.
DILMA
Pronto. A solução está ai. Vem lá de Tutóia, no Piauí. Dilma já pode resolver o insolúvel problema de como compor os 40 ministérios de seu novo governo, quando ela não conseguiu até agora nomear sequer o novo ministro da Fazenda, para substituir Mantega, o ex-futuro-quem sabe.
Dilma pode pedir ao bravo e lúcido juiz Sergio Moro, do Paraná, a lista de seus convidados para a cadeia da Policia Federal de Curitiba e leva-los todos para sua Casa Civil, como fez o grande Alexandre da Macedônia.
Eles vão sentir-se em casa. Todos a conhecem muito bem, desde 2003, no primeiro governo de Lula, quando ela foi ser ministra de Minas e Energia, pôs a Petrobrás embaixo do braço, levou para casa e não devolveu.
BAHIA
Em 3 de outubro de 1963 a Petrobrás fazia 10 anos. Em Salvador, uma iluminada torre de petróleo foi erguida na praça do Campo Grande, em frente ao Teatro Castro Alves, onde se realizou um comício para milhares e milhares de pessoas, com a presença dos governadores da Bahia Lomanto Junior, de Pernambuco Miguel Arraes e de Sergipe Seixas Doria.
Também no palanque Waldir Pires Consultor Geral da Republica, deputados federais Fernando Santana, Henrique Lima Santos e Mario Lima, deputados estaduais Enio Mendes, Newton Valença e eu. Seis meses depois, com a única exceção do governador Lomanto da Bahia, fomos todos cassados pelo raivoso, histérico e americano golpe militar de 1964.
PETROBRÁS
A Petrobrás tinha acabado de ter grandes presidentes, patriotas e honrados : o deputado amazonense Janary Nunes (governo JK), o gaucho general Idalio Sardenberg (governo JK) e os baianos Geonisio Barroso (governo Janio Quadros) e Francisco Mangabeira (governo João Goulart). Os militares mantiveram o padrão e Ernesto Geisel presidiu a Petrobrás.
Não havia o ministério de Minas e Energia. Era o Conselho Nacional do Petróleo, presidido no governo Janio por Josafá Marinho. Para presidir o Conselho de Administração da Petrobrás, Janio criou o ministério de Minas e Energia, cujo primeiro titular foi o ministro paraibano João Agripino.
JK
No governo Juscelino (1956-1961) o general Idalio Sardenberg comandou um grande salto da Petrobrás: novas unidades das refinarias Landulfo Alves na Bahia e Duque de Caxias no Rio, o terminal e oleoduto da Ilha D’água no Rio, o terminal Madre de Deus na Bahia, a fabrica de Borracha Sintética em Duque de Caxias, dobrou a capacidade da refinaria de Cubatão em São Paulo e a produção total de petróleo passou de 60 mil barris/dia em 59 para 72 mil em 60 e o refino foi a 300 mil barris diários.
Tudo isso e nunca se ouviu falar em escândalo. Veio o primeiro governo Lula e Dilma caiu em cima da Petrobrás como uma ave de rapina. Saiu das Minas e Energia para a Casa Civil e levou a Petrobrás com ela, para ela, continuando como presidente do Conselho de Administração. Esse escândalo de agora, o maior da historia do pais, tem nome : Dilma.
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