RIO – Major Irineu de Princesa Isabel, na Paraíba, rico, pão duro e ateu, não dava um tostão para a igreja. A mulher pedia, o padre pedia, nada. Uma noite chegaram aflitos dois empregados:
– Coronel, o açude está subindo. A água já está no respaldo.
Major Irineu começou a andar de um lado para outro. Água no respaldo era açude em perigo. E se o açude rompesse, a fazenda estava inundada. A mulher pedia:
– Velho, vá ao Santuário, leve o óbolo e faça uma promessa. Precisamos salvar o açude.
E ele andando. E novos emissários chegando. E a água já em cima. Major Irineu entrou no quarto, abriu o nicho, pegou as imagens dos santos, enrolou todos em um cobertor, selou o cavalo, montou, tocou para o açude. Na barragem, de metro em metro pôs um santo:
– Rapaziada, vocês mesmos é que sabem aonde querem ir.
A água baixou.
DILMA
Dilma nem santo tem para pendurar no açude. É o maior desastre de governo que já se viu no pais. Os generais ditadores eram impostos, enfiados garganta abaixo da Nação. Mas Dilma nem esta desculpa tem: foi eleita pelo povo. Na base da mais sórdida violência oficial e da mais deslavada corrupção, mas foi votada, escolhida. Ganhou.
Agora, já indisfarçadamente arrependido, o povo chia, se queixa, reclama. É tarde. Golpe não. A não ser uma CPI e um “impeachment” bem alicerçados na Constituição (e o “petrolão” já dá razões de sobra para isso), temos que esperar 2018. Democracia é assim: ensina até no meio do lodo.
A imprensa é e tem que ser a foto do abismo de um pais falido: crescimento zero, inflação já mais de 7, juros mais de 12, industria demitindo de norte a sul, inclusive o protegido automobilismo, divida publica de 2 trilhões e 300 bilhões, rombo de 32 bilhões, maior da historia.
Apagão de luz, apagão de água, apagão da saúde, apagão da educação, mas desgraça mesmo é o apagão de Governo. É Dilma Roscofe.
O CORONEL
Piancó, na Paraíba, é cidade ilustre e não é de graça. Foi ali que a Coluna Prestes travou o grande combate no Nordeste, morrendo, entre outros, o padre Aristides, comandante da resistência. O batalhão da Coluna, nesse dia, estava sob comando de um tenente baixinho: Cordeiro de Farias.
João Pereira Gomes, promotor, começou carreira em Piancõ. Na feira, passava o coronel Chico Nitão: 2 revólveres na cintura e uma cartucheira na barriga. O promotor chamou o cabo:
– Seu cabo, vá desarmar aquele indivíduo.
– Senhor doutor promotor, desarmar logo o coronel Chico Nitão?
– Não quero saber quem é o coronel Chico Nitão. Vá desarmar, é a lei.
O cabo foi buscar o delegado, tenente Sobreira:
– Doutor promotor o senhor mandou desarmar o coronel Chico Nitão?
– Mandei, tenente. Não interessa quem seja. É a lei.
– Doutor promotor, o coronel é gente famosa, herói da região, combateu vários grupos cangaceiros, Lampião, Antonio Silvino, até com a Coluna ele brigou. Ele tem esse privilégio de andar armado. Doutor promotor, alguns anos atrás apareceu por aqui um promotor igualzinho ao senhor, jovem e homem da lei. Mandou desarmar o coronel Chico Nitão e o coronel respondeu: – “Diga ao doutor promotor que as minhas armas só saem da cintura debaixo de festejo”. Brigaram e o promotor morreu.
– Bem, tenente, sendo assim vou conversar com o governador.
João Pereira Gomes, promotor e homem da lei, foi a João Pessoa e nunca mais voltou a Piancó para desarmar o coronel Chico Nitão.
O PISTOLEIRO
Um livro exemplar e oportuno : – “João Santana : Um Marqueteiro no Poder”, de Luiz Maklouf (Editora Record). É o retrato não de um coronel, mas de um pistoleiro. No Colégio da Bahia, em Salvador, Santana era chamado de “Tio Patinhas” : doido por dinheiro. Continuou e piorou.
No Globo de 23 de janeiro está ele lá, ao lado da Dilma, com seus olhos fluidos, agredindo desrespeitosamente Duda Mendonça, seu ex-sócio:
– “O Duda é a bicha mais invejosa que tem”. E mais -“O pensamento de que quem bate perde eleição é falso. Perde é quem não sabe bater. A política é ao mesmo tempo a sublimação e o exercício da violência”.
Não é um marqueteiro, é um pistoleiro.
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