SÃO PAULO – Agamenon Magalhães, governador, ministro, patriarca de Pernambuco, era um político sábio:
– “O homem público no poder não compra, não vende, não
troca”.
Outro sábio, Ortega y Gasset, filósofo espanhol, em 1921,
perplexo diante do desfibramento da política e da sociedade espanhola, escreveu “Espanha Invertebrada”, sobre os rumos e o futuro da Nação:
– “Uma sociedade míope agrava a enfermidade pública, prestigiando políticos sem virtudes que impõem as suas vontades e interesses em detrimento dos verdadeiros valores nacionais”.
Roberto D’Ávila com seu talento e competência profissional, entrevistando Lula na Globo News, tentou tirar leite das pedras, extrair alguma luz de uma cabeça de bagre. A entrevista com Lula foi um descalabro. Uma aula torta de como mentir, mentir sempre. Roberto
podia ter encerrado a conversa relendo a página 4 da “Folha de S. Paulo” de 27 de outubro último onde está a lista das 15 empresas da família Lula.
O Brasil teve durante 300 anos uma família imperial. Agora sabe-se que tem uma “família empresarial”, que fez o milagre de chegar a São Paulo carregando uma trouxa e meio século depois ser proprietária destas 15 empresas: “1 – BR4 Participações Ltda /Capital R$4milhões. 2 – FFK Participações Ltda / Capital R$ 150.000,00. 3 – G4 Entretenimento e Tecnologia Digital / Capital R$ 150.000,00. 4 – LFT Marketing Esp. Ltda / Capital R$ 100.000,00. 5 – LKT Marketing Eireli / Capital R$ 100.000,00. 6 – Flex BRT Tecnologia S.A. / Capital R$ 20.000,00. 7 – Flex BRT Ltda / Capital R$ 20.000,00. 8 – LLCS Participações Ltda / Capital R$ 1.000,00. 9 – LLF Participação Eireli / Capital R$ 80.000,00. 10 – Gamecop S.A. / Capital R$ 10.000,00. 11 – LLCS Participações Eireli / Capital R$ 1.000,00. 12 – Touchdowm Prom. de Eventos Esportivos Ltda / Capital R$ 1.000,00. 13 – Gasbom Cursino Ltda / Capital R$ 2.000,00. 14 – Gisam Comércio de Roupas Ltda / Capital R$ 5.000,00. 15 – L.I.L.S. Palestras Eventos e Publicidade / Capital R$ 100.000,00”.
É com essa L.I.L.S. que Lula assina os recibos das fajutas conferências.
SAYAD
O saudoso mestre Florestan Fernandes ensinou que o problema do Brasil é que somos um povo atrasado. Continua:
1 – O ex-ministro e professor João Sayad da USP confirma:
– “A democracia ameaça a República se for dominada pela demagogia, por eleitores mal informados. Não há república sem homens virtuosos: honestos defensores do interesse público e corajosos. A República pode se tornar tirania. República e democracia procuram um equilíbrio delicado. A República vai mal. Falta virtude. Como tornar os homens públicos virtuosos? Deveriam ler os clássicos – Cícero, Catão, Platão, Aristóteles. Só assim homens virtuosos poderiam se candidatar sem ter que jantar escondido com financiadores de currículo duvidosos”. (Valor Econômico 15/09/15)
NOGUEIRA
2 – Professor e diretor do Instituto de Políticas Públicas da UNESP, Marco Aurélio Nogueira:
– “A política ficou submetida ao mercado e a representação perdeu substância. A fragmentação e a falta de operacionalidade do sistema político fazem com que a democracia, em alguns países, fique bloqueada e, em outros, passe a ser alimentada por doses expressivas de corrupção e ilicitude. Neste ambiente, os governos e a classe política pioram dramaticamente seu desempenho e deixam suas comunidades sem muitas saídas.” (O Estado de São Paulo 26/09/15)
ALVARO MOISES
3 – Professor José Álvaro Moisés, diretor do núcleo de pesquisas de políticas públicas da USP:
– “O sistema partidário brasileiro tem algo de paradoxal: além de sua perturbadora fragmentação e da constante troca de legendas por parlamentares, os partidos são chamados a garantir a governabilidade do País no Congresso, mas dão pouca ou nenhuma importância à sua conexão com os eleitores, que desconfiam deles, não têm preferencia e não querem filiar-se. O que conta não é o que os partidos significam para a sociedade, mas como seus arranjos facilitam que os dirigentes – que em muitos casos se perpetuam na direção das legendas – conquistem ou mantenham posições de poder.” (O Estado de São Paulo, 24/08/15)
O PT nasceu para ajudar a iluminar a vida política da Nação. Só fez apagar a luz. O Brasil jamais havia descido a um nível político tão invertebrado. Ortega y Gasset não viu nada.
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