RIO – O sindicalismo brasileiro vive hoje da Contribuição Sindical: um dia de desconto no salário de cada trabalhador. No ano passado arrecadou R$ 3,2 bilhões, retirados do orçamento dos assalariados. recursos repassados aos 10.620 sindicatos e centrais sindicais, sem fiscalização.

A Caixa Econômica, responsável pela arrecadação e distribuição,

nega-se a mostrar com transparência quanto é destinado às várias entidades. Alega sigilo bancário por eles não serem órgãos públicos.

Já o Ministério do Trabalho não fiscaliza os balanços das organizações sindicais sob a alegação de liberdade sindical. A prosperidade da industria sindical e a consolidação de autêntica aristocracia de dirigentes sindicais ficam bem definidas e sem nenhum controle publico ou privado.

O brilhante professor Helio Duque, doutor em economia, três vezes deputado pelo MDB e PMDB do Paraná, tem um estudo primoroso.

1.- Em todo o mundo existem 140 centrais sindicais. Na Espanha a UGT criada em 1888. Na França a CGT (1895) e a FO. Na Itália, a CGL (1906) e nos Estados Unidos a AFL (1881). Representam toda a classe trabalhadora. No Brasil, no Ministério do Trabalho, no seu cadastro, existem 12 centrais sindicais. Um recorde mundial. Já legalizadas: CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores),NCTS (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil); CBBT (Central do Brasil Democrático dos Trabalhadores) e UST (União Sindical dos Trabalhadores). Ainda não legalizadas: COB (Confederação Operária Brasileira) e CSP (Central Sindical e Popular Conlutas). As outras estão sob análise ministerial. Realidade surrealista que nos remete à existência de duas paralelas: líderes sindicais vivem no paraíso, trabalhadores frequentam o inferno cotidiano.

IMPOSTO SINDICAL

  1. - O economista Gil Castelo Branco, dirigente da ONG Contas Abertas é objetivo: “A simples existência do Imposto Sindical já é uma aberração. Poucos países no mundo têm esse sistema, um atraso”.

PAZIANOTTO

Almir Pazzianotto, ex-ministro do Trabalho, ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho e competente advogado trabalhista constata:

– “O que faz os sindicalistas tomarem atitudes irresponsáveis, é o imposto sindical e a estabilidade de que eles gozam.Ninguém se sindicaliza. Como o sindicalista tem sua fonte de renda garantida, não se preocupa com o mercado de trabalho. Hoje, no Brasil, poucos são tão privilegiados quanto a elite sindical, que não quer perder seus privilégios”.

O CORONEL CIENTISTA

Em 5 de fevereiro fez 100 anos, lúcido, escrevendo, trabalhando, ensinando, um grande brasileiro : Milton Thiago de Mello, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária,há 80 anos militar e cientista.

Começou na Escola de Veterinária do Exército (em 1933). Nos 80 anos seguintes deu importantes contribuições para a ciência e a profissão veterinária no Brasil e no mundo. Passou décadas pesquisando e ensinando no Instituto Osvaldo Cruz (Fiocruz). Tem recebido as devidas homenagens.

É um belo currículo. A Associação Mundial de Veterinária elegeu-o Membro Honorário em 1993 por pesquisas com primatas, coordenando cursos para graduados sobre conservação do meio ambiente e animais silvestres na Amazônia, participando ou organizando congressos nacionais e internacionais sobre ciências veterinárias, animais de laboratório, conservação da vida silvestre, bem-estar animal e segurança alimentar.

E mais: formulou convênios de cooperação sobre ciências veterinárias entre Brasil e China (medicina tradicional chinesa, acupuntura e aquacultura) e com diferentes instituições da França (Escolas de Veterinária de Alfort e Lyon), Alemanha (Escola de Veterinária de Hannover, Instituto Von Ostertag) e Inglaterra (Museu de História Natural).

O Comitê Francês da Associação Mundial de Veterinária deu-lhe a Medalha de Honra, o Comitê Brasileiro da Associação Mundial de Veterinária uma Placa de Honra, o Comitê de Bem-Estar Animal da AMV o título de Membro Honorário, a Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária a Grã Cruz da Ordem do Mérito Veterinário e a Sociedade Mundial de Epidemiologia Veterinária o Prêmio James H. Steele.

Recentemente, a mais alta distinção da Profissão Veterinária, o Prêmio John Gamgee, foi-lhe outorgado durante o 31º Congresso Mundial de Veterinária (em Praga, setembro de 2013). Foi funcionário regional ou consultor para Agências das Nações Unidas (FAO, WHO e PAHO) e na Organização Mundial de Saúde (OMS), por suas pesquisas sobre brucelose humana e animal e membro do Comitê Conjunto FAO/WHO de Peritos em Brucelose, com sede em Genebra, Suiça, durante vários anos (1957/1972).

Tudo isso e muito mais está sem seu livro “O Poste de Cozumel”.

nerysebastiao@gmail.com