RIO – Ministro da Justiça é o que não falta na história do Brasil. De verdade e de mentira. Sobretudo de mentira. Ainda bem que há uma bela lista honrando a verdade.Impossível citá-los todos. De 1930 para cá a galeria é vasta e a maioria honra a nação, pois, mesmo muitas vezes em posições divergentes, ajudaram a construir um novo país: Oswaldo Aranha, Afrânio Melo Franco, Vicente Rao, Agamenon Magalhães, Macedo Soares, Francisco Campos, Carlos Luz, Adroaldo Mesquita, Junqueira Aires, Bias Fortes, Negrão de Lima, Tancredo Neves, Prado Kelly, Nereu Ramos, Pedroso Horta, Martins Rodrigues, João Mangabeira, Abelardo Jurema, Milton Campos, Juracy Magalhães, Petrônio Portela, Golbery do Couto e Silva, Abi-Ackel, Fernando Lyra, Paulo Brossard, Oscar Correa, Saulo Ramos, Bernardo Cabral, Jarbas Passarinho, Célio Borja, Maurício Correa.

Só da ditadura é preciso listar para logo depois esquecer o medieval Alfredo Buzaid, o trefego Gama e Silva, o ensaboado Armando Falcão e o múltiplo Luiz Viana.

O presidente Temer passou um ano para encontrar o seu ministro de verdade:Torquato Jardim. Como diziam os sábios, é um homem que pensa o que diz e diz o que pensa. Perguntem às apressadas “meninas” (e ao Camaroti) da Globo News que não tiveram faculdade mas aulas de ditado: elas mesmas perguntam e elas mesmas respondem. E tudo fica por conta das “fontes”, dos “bastidores”, dos “rumores”, no mais fantasioso jornalismo que já se viu, onde quem pergunta já impõe a resposta que quer ouvir. Ninguém é responsável por palavra nenhuma. Como em geral a verdade não rima com o que dizem, dane-se a verdade. Um dia O Globo pede desculpa, no outro é a Folha que se desculpa.

Bastou uma semana para o novo ministro dar o seu tom: o governo diz o que pensa e a imprensa publica se quiser. Liberdade de imprensa é isso.

Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal reverá o acordo de leniência homologado com os irmãos Joesley e Wesley Batista, em nome da dignidade nacional e da moralidade pública? A desproporcionalidade na aplicação da lei, nas duas grandes centrais de corrupção, Odebrecht e JBS, é flagrante. O empresário Marcelo Odebrecht está preso, há quase dois anos, em Curitiba. Condenado a dez anos, cumprirá sete anos com tornozeleira eletrônica e posteriormente em regime domiciliar. O pai, Emílio Odebrecht, foi condenado a quatro anos em prisão domiciliar. A multa que pagará será na escala de bilhões de reais.

Paralelamente, os diretores do JBS, compradores de políticos como se compra gado, envolvidos em corrupção oceânica com o dinheiro público jorrando como onda do mar, ganharam privilégios indecorosos. Imunidade legal e garantia jurídica vetando a abertura de processos sobre os crimes em que foram ativos participantes. Recebendo autorização de se ausentar do País, Joesley, imediatamente embarcou, no jato particular, para os EUA, acompanhado de Ricardo Saud.

Suspeita, a colaboração dos irmãos Joesley e Wesley, junto à PGR (Procuradoria Geral da República) tem roteiro envolvendo personagens da área pública na sua estruturação. Registrado pela imprensa e nunca desmentido, o acordo de leniência negociado foge a qualquer padrão nas operações de combate à corrupção pública e privada brasileira.

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