RIO – “Pavão misterioso
pássaro formoso
tudo é mistério
nesse seu voar
mas se eu corresse assim
tantos céus assim
muita história
eu tinha pra contar”
Começa assim a bela canção do cearense Ednardo. Agora apareceu outro pavão, o Procurador Geral da República, cheio de poses, bocas e madeixas medievais. Nas mãos dele se embala o boiadeiro trambiqueiro goiano.
Surgiram os verdadeiros números e nomes do império bovino. É quase todo público disfarçado atrás das asas do pavão:
1 – A estrutura do grupo JBS é toda construída pelo dinheiro público:
O BNESPAR é dono de 22% de todo o seu capital e a Caixa Econômica Federal dona de 5%. Logo 27% de recursos públicos.
2 – A compra nos Estados Unidos do Grupo Swift foi de 2,7 bilhões de reais, totalmente financiado pelo BNDES.
3 – A compra do Grupo Alparcatas foi totalmente financiada pela Caixa Econômica: 2,3 bilhões de reais.
4 – A Eldorado Celulose foi montada com dinheiro do FGTS, dos Fundos de Pensão Petros, Previ e Funcef. A dívida total hoje do grupo Eldorado, que está a venda, é de 8,5 bilhões de reais junto a estas instituições de propriedade dos trabalhadores.
5 – O Banco Original, que está a venda, tem dívida total de 3,5 bilhões de reais junto ao FGC – Fundo Garantidor de Crédito. O patrimônio líquido do Banco é de 2,1 bilhões de reais.
6 – Hoje a dívida bruta do grupo JBS é de 58,6 bilhões de reais, com agravante de que 31% têm vencimento nos próximos 12 meses.
7 – As linhas de crédito do JBS para o exterior que garantem a presença deles no mundo, tem esse perfil: Banco do Brasil – 5 bilhões de reais; na Caixa Econômica – 10 bilhões. Nos bancos privados: Santander 4,5 bilhões de reais, no Bradesco 3,2 bilhões de reais e no Itaú 1,5 bilhões.
Este é o retrato financeiro do grupo JBS.
Ainda bem que Procurador da República se troca de dois em dois anos. Este de agora, quando setembro vier.
PS: Está nas livrarias de Portugal e do Brasil, um livro fundamental sobre a Revolução dos Cravos: “Portugal A Revolução e a Descolonização”, do mestre mineiro, exilado pelo golpe militar de 1964, Maurício Paiva, que viveu por dentro e por fora aqueles dias tumultuosos.
É um olhar de quem viu e viveu os acontecimentos que narra.
Autor de depoimentos básicos sobre os golpes de 1964 no Brasil e no Chile, “Transição ao Socialismo: As lições do Chile”, “O Sonho Exilado”.