Publicações de Sebastião Nery

GROSSAS GROSSURAS

RIO – Uma tarde, no Império, enquanto passeava a cavalo, o Imperador Dom Pedro II caiu do cavalo. O Rio se encheu de boatos. O Imperador estava mal, seria internado e, quem sabe, talvez tivesse que ir tratar-se em Lisboa ou Paris. Ainda não havia Incor, Sírio-Libanês, etc. Os boatos continuaram. O Imperador apareceu na sacada do Paço Imperial apoiado em duas “muletas”. O jornal “Aurora Fluminense”, dirigido por Evaristo

BRASIL HOJE E AMANHÃ

RIO – Mais uma vez o país estará definindo seu futuro na próxima semana. Diante do presidencialismo de coalisão, quem for eleito agora tem um desafio: vai governar para o povo ou vai se submeter ao fisiologismo do Congresso Nacional. Agravados com descontrole da dívida pública bruta atual de 88% do PIB, que pode atingir 95% em 2023, de acordo com projeção do FMI. Nos países emergentes a média é

O KIM-1 QUE ME PRENDEU

RIO – Alucinante aquela terça-feira, 30 de dezembro de 1952. Tinha 20 anos e amanheci preso em Belo Horizonte e na primeira página de todos os jornais de Minas, execrado com foto e tudo. Há apenas dois anos, ainda no seminário, de batina, piedoso, estudava Filosofia, para ser padre, talvez um dia bispo, quiçá cardeal. Na “Tribuna de Minas” a manchete era minha: – “Confirmam-se as Acusações da TM sobre

O ASFALTO E O CALÇAMENTO

  RIO – Uma tarde, tocou o telefone na liderança do governo na Câmara Federal. Era o presidente Juscelino. Pedia urgência urgentíssima na aprovação do crédito de 8 bilhões para o asfaltamento da estrada Rio-Bahia. Às 8 da noite, o líder Abelardo Jurema ligou para o Catete: – Crédito aprovado, presidente. Juscelino saiu do Planalto, foi jantar na casa do empresário mineiro Marco Pólo. E fez os maiores elogios a

LIÇÕES E SAUDADE DE JK

LIÇÕES E   RIO – Ninguém me contou, eu vi. Foi há muito tempo, na década de 50. Eu morava, estudava e trabalhava em Minas como jornalista político (“O Diário”, “DiáriodaTarde” e “Jornal do Povo”). Juscelino havia resistido ao golpe que levou Getúlio Vargas ao suicídio em 24 de agosto de 1954 e era candidato natural do PSD, do PTB e das esquerdas à Presidência da República, em 1955. Todos

O DISCURSO DE MARCITO

RIO – Desço no aeroporto de Portella de Sacavém, em Lisboa, em 1977. Passo no Hotel Phenix, deixo a mala, ligo para Marcio Moreira Alves, exilado lá. Atende outro: – Nery, aqui é o David. – David Lerer, o guerrilheiro africano? – Cheguei hoje de Angola. Quase fui fuzilado lá. E você? O que é que está fazendo aqui? – Passei uns meses na Espanha, cobrindo as eleições da Constituinte,

O JÂNIO DA VENEZUELA

RIO – Mais uma vez desci em Caracas em 1979. Na portaria do Centro Simón Bolivar o homem de radinho de pilha olha para mim irritado. Estava ouvindo seu futebol, como todo porteiro que se preza, seja paraibano ou venezuelano, e aparece um chato perguntando onde era o serviço de telex internacional. Sábado de tarde, fechado. E não podia fazer nada para ajudar-me porque todo mundo havia ido embora. – 

UM ABISMO GIGANTESCO

RIO – A vida pública deve ser exercida com vocação na convicção de ser um servidor do seu povo. Denegrir esse princípio no exercício da função publica é trair o sentido maior da representação popular. Arrivistas despreparados no exercício da administração pública, em todos os níveis, vêm invadindo a vida política brasileira com audácia incomum. O professor Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autor de um

ELES FIZERAM O NOVO MUNDO

RIO – Reiner Maria Rilke, o poeta, tinha 21 anos, mas já sabia da vida e do mundo. Escreveu o “Diário de Florença”. Stendhal, o francês, em 1826 também viu: – “Florença, pavimentada com grandes blocos de pedra branca é talvez a cidade mais limpa do universo e certamente a mais elegante”. E Mary Mc Carthy a americana, em “As Pedras de Florença” diz: – “Os florentinos, inventaram a Renascença,

ASSIM SE MATA UM PRESIDENTE

RIO – Uma semana depois da posse de Jânio Quadros na presidência da Republica, em 1961, o jornalista Raul Ryff, secretário de imprensa do vice-presidente João Goulart, ligou para o jornalista José Aparecido, secretário particular de Jânio: – Aparecido, durante o governo do Juscelino, o Jango, como vice-presidente, sempre teve um avião da FAB à sua disposição. Agora, no governo do Jânio, o ministro Grum Moss, da Aeronáutica, tirou o