RIO – Em Viana, no Maranhão, o padre era do PSD. A UDN nem podia entrar na Igreja. Na campanha eleitoral, os céus e os santos todos eram mobilizados para a vitória pessedista.
José Sarney, deputado federal pela UDN, veio ao Rio tentar resolver o problema. O secretário do senador Ruy Carneiro era “bispo” da “Igreja Brasileira”, mandou um “padre” para Viana. O padre dois chegou lá, começou a disputar o céu. À falta dos outros, monopólios do PSD, criou dois santos: Nossa Senhora Menina e São Benedito da Barreirinha.
E as cerimônias da Igreja Brasileira eram anunciadas com tambor de macumba. Foi um sucesso. Nossa Senhora Menina, jovem e colorida, começou a ganhar de Nossa Senhora mãe. E as procissões do mulato São Benedito batiam longe o fervor das procissões de São Benedito preto.
SARNEY
Apavorado, o PSD conseguiu que a Igreja Católica entrasse na justiça contra o “padre” da Igreja Brasileira. Não adiantou. Perdeu em Viana e no Tribunal em São Luis. E pela primeira vez a UDN venceu as eleições em Viana.
Anos depois, Sarney governador, os dois padres foram tirados de lá e chegou um católico meio PSD meio UDN. Um padre Arena. Mas até hoje o povo de Viana tem saudade de sua jovem e irisada Nossa Senhor Menina e seu mulato e simpático São Benedito da Barreirinha.
FRIBOI
Sarney comprava padres e santos. O PT compra empresas. Bilhões de dinheiro público. O jornalista David Friedlander, na “Folha de São Paulo”, contou dias atrás (12/01/2014):
-“O empresário Joesley Batista, do Frigorífico JBS, está pedindo R$ 2,8 bilhões aos fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (da Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica) para dobrar o tamanho da “Eldorado”, indústria de celulose controlada pela família. O projeto está orçado em R$ 7,5 bilhões. Para fechar a conta, além dos recursos das fundações, o empresário pretende conseguir financiamento de R$ 4,7 bilhões do BNDES e um fundo de desenvolvimento regional.”
EIKE
Nos últimos anos, grupos de privilegiados empresários brasileiros vêm sendo agraciados com dinheiro público na escala de bilhões de reais. Os governos Lula e Dilma cunharam a expressão “campeões nacionais” para a criação de verdadeira “Bolsa Empresário”, para os amigos do poder. A expressão é do brilhante economista e homem público o professor Helio Duque, três vezes deputado federal pelo MDB e PMDB do Paraná.
O empresário Eike Batista era a face mais agressiva da estratégia dessas relações incestuosas. O Estado como escudo garantidor, pelo alavancamento de dinheiro público e privado, estimulava a criação de empresas, onde o “grupo X” era a versão de um “Midas tupiniquim”.
O atestado de “competência”, em 27 de abril de 2012, foi dado pela presidente Dilma:
-“Eike é o nosso padrão, a nossa expectativa e sobretudo o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado.”
DILMA
E Eike faliu, queimando bilhões na irresponsabilidade de Dilma.
A bíblia do capitalismo moderno é de Adam Smith, onde a “Riqueza das Nações” é texto básico. Nela fica explicito que o risco é inerente à atividade produtiva. No Brasil a equação está sendo invertida.
Capitalismo sem risco vem fazendo a alegria dos grandes grupos amigos dos governos petistas. O fato é reconhecido, de maneira surreal, até por ministros do governo Dilma. É o caso do ministro da Micro e Pequena Empresa, Afif Domingos:
-“No Brasil só se dá prata a quem tem ouro.”
BARROSINHO
Irrespondível a coluna do Reinaldo Azevedo na “Folha” sobre o ministro do Supremo (Ínfimo) Tribunal, Roberto Barroso, o Barrosinho:
-O idealismo se converteu em argentarismo…
-Fustigou o abominável espetáculo de hipocrisia em que todos apontam o dedo contra todos, mas mantêm seus cadáveres no armário…
“Pego carona na metáfora. Barroso saiu do armário”…
“Ele é só um Delúbio com toga, glacê e fricotes”. “Retóricos”.