RIO – Tarde de sábado no restaurante Piantella, o melhor de Brasília. Lula havia ganho as eleições presidenciais de 2002 contra o tucano José Serra e estava em Porto Alegre, com José Dirceu e a cúpula do PT, discutindo com o PT gaucho a formação do novo governo. Um grupo de jornalistas estávamos a um canto, almoçando e conversando sobre o pais.

De repente, entram nervosos, aflitos, os deputados Moreira Franco, Gedel Vieira Lima, Henrique Alves e Eliseu Padilha, da direção nacional do PMDB, e começam a discutir baixinho, quase cochichando. Em poucos instantes, chega o deputado Michel Temer, presidente nacional do PMDB. Nem almoçaram. Beberam pouca coisa, deram telefonemas, saíram rápido.

Nada falaram. Acontecera alguma coisa grave. Voltariam logo.

Um deles voltou e contou a bomba política do fim de semana. Antes de viajar para o Rio Grande do Sul, Lula encarregara José Dirceu, coordenador da equipe de transição e já convidado para Chefe da Casa Civil, de negociar com o PMDB o apoio a seu governo, em troca dos ministérios de Minas e Energia, Justiça e Previdência, que seriam entregues a senadores e deputados indicados pelo partido.

Lula já havia dito ao PT que eles não podiam esquecer a lição da derrubada de Collor pelo impeachment, que o senador Amir Lando, do PMDB de Rondônia, relator da CPI de PC Farias, havia definido como uma “quartelada parlamentar”. No Brasil, para governar era preciso ter sempre maioria no Congresso. O PT tinha que fazer as concessões necessárias.

O primeiro a ser chamado era o PMDB, o maior partido da Câmara e do Senado. Lula mandou José Dirceu acertar com o PMDB, combinaram os três ministérios e ficaram todos felizes. Em Porto Alegre, na primeira noite, Lula encontrou a gula voraz do PT gaucho, que exigia exatamente os ministérios de Minas e Energia, da Justiça e da Previdência.

Lula cedeu. Chamou Dirceu e deu ordem para desmanchar o acordo com o PMDB. Dirceu perguntou como conseguiriam maioria no Congresso.

– Compra os pequenos partidos – disse Lula. Fica mais barato.

Dilma virou ministra de Minas e Energia, Tarso Genro da Justiça e a Previdência ficou para resolver lá na frente. E assim nasceu o Mensalão.

Quinta-feira, quatorze anos depois, na posse do governo Temer no palácio do Planalto, na primeira fila, lá estavam precisamente os “Cinco do Piantella” daquela tarde de domingo: Michel, Moreira, Padilha, Gedel e Henrique: o Presidente e seus mais próximos amigos.

A RESPOSTA DA HISTORIA

É unanime : dos mais de 60 discursos feitos da tribuna do Senado, na noite de quarta para quinta-feira, o mais brilhante e primoroso, o mais profundo e inteligente, um discurso que ficará na Historia dos grandes discursos do Parlamento brasileiro, foi o do ex-presidente e senador Fernando Collor. O Senado o ouviu do começo ao fim em total silencio. Como nos grandes dias do Congresso.

Infelizmente, lá não estavam, para ouvi-lo, o presidente Mauro Benevides e o relator Amir Lando, derrotados, os ex-deputados Lula, José Dirceu, José Genoino, Aloísio Mercadante, o marqueteiro João Santana, da tropa de choque da acusação, prisioneiros ou quase, e outros.

A Historia anda devagarinho mas sempre chega.

GETULIO

Se consultar os “Anais do Congresso Nacional”, o brasileiro lerá ali um discurso do general deputado Euclydes de Figueiredo, da UDN do Rio, herói da Revolução Constitucionalista Paulista de 1932, que na Constituinte de 1946 pedia a convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para “apurar os crimes da ditadura”.

E ele dizia, da tribuna da Câmara que foram crimes que estarreceram a Nação, escandalizaram o Brasil diante do mundo e, por isso, era preciso que a Câmara os investigasse, punisse os responsáveis, para que servisse de lição para as próximas gerações. E o principal réu era o ditador, Vargas.               Por que agora esconder Lula atrás das cortinas?

OS MUÇULMANOS

Dois em um só mês. Em trinta dias, dois ilustres muçulmanos, um inglês e um brasileiro assumiram o comando de sua capital ou de seu país: o prefeito de Londres, Sadic Khan e o presidente do Brasil, Michel Miguel Elias Temer Lulia. E ainda há os idiotas que fazem discriminação racial.

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