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PRIMEIRO MILAGRE DE BRASILIA

RIO – “Três dias antes de morrer, Juscelino viera de sua fazendinha em Luziânia e pernoitara no apartamento do primo Carlos Murilo, em Brasília. Estava triste e deprimido por tantas injustiças e perseguições, e fez a esse seu primo e meu xará a seguinte confissão que, autorizado por ele, agora, pela primeira vez, vou revelar: – “Meu tempo, aqui na terra, está acabado. Tenho o quê, de vida? Mais dois,

QUANDO SALVADOR ERA ‘A BAHIA’

RIO – Em 1948 Salvador não existia. Era “a Bahia”. O interior inteiro, quando ia para a capital, dizia que estava indo para “a Bahia”. E “a Bahia” foi minha primeira grande aventura externa. Saí de Jaguaquara para a Bahia. E chegou o mar. Nunca tinha visto o mar. Sabia que era grande e ameaçador. E ia ter que tomar o “navio da Bahiana”, da Companhia Navegação Baiana, que fazia

O LOBO DA ALSACIA

RIO –   O major Sanches Osório, da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA) e ministro da Comunicação Social do Governo Provisório do general Spínola, em 1974, em Portugal, conta em seu livro “O Equivoco do 25 de Abril” que foi ao gabinete militar da Presidência, onde estavam os generais Galvão de Melo, Silvério Marques, Diogo Neto, Pereira de Melo, vários coronéis, tenentes coronéis e majores. Convocaram o primeiro-ministro

BRASILIA

RIO – No dia 18 de abril de 1956, um ano depois do comício de Jataí, em Goiás, em que prometeu fazer Brasília e transferir a capital para o centro do país, Juscelino, presidente, ia para Manaus com mais de 70 pessoas em dois aviões. Estavam o presidente, o marechal Lott ministro da Guerra, e outros ministros. Ele anunciou que ia descer em Goiânia para assinar a mensagem ao Congresso

UM PATRIOTA INJUSTIÇADO

RIO – A mãe era índia da tribo Tupi, tinha nome bonito, Ângela Álvares, e “possuía fartos haveres”. O pai, ninguém nunca soube. Certamente um padre. “Caboclinho mestiço, mulato, não tinha boa presença e possuía feições grosseiras”. Educado pelos jesuítas de Olinda, “dominava outras línguas. Culto, ambicioso, inteligente, prospero senhor de engenho, possuía três grandes engenhos cobertos de cana de açúcar”. Domingos Fernandes Calabar, jovem, valente, “primeiro herói brasileiro” (nasceu

A ORELHA MORDIDA

RIO – “Na hora do casamento, num incidente que daria o tom dos quarenta anos seguintes, dona Carlota deu uma mordida violenta na orelha de Dom João. No cerne dos problemas da família real portuguesa, estava um casamento tão desastroso que, em alguns momentos, suas consequências transbordariam para o domínio publico. Dona Carlota (Joaquina, infanta espanhola, filha do príncipe das Astúrias, futuro rei Carlos IV) fora convocada para desposar Dom

ERREI DE COREIA

RIO – O Partido Comunista e a União da Juventude Comunista, ilegais, eram drasticamente reprimidos pela policia. Para atuarem politicamente, lançavam mão de atividades mais amplas ou disfarçadas. Naquele dia, numa Conferencia de Defesa da Juventude, discutíamos o Brasil e o mundo e instalávamos em Minas o “Movimento Mundial da Paz”. A guerra da Coréia dividia a opinião publica e estávamos indignados com a Coréia do Sul, capitalista e dependente

O QUE É A VERDADE

RIO – A Grécia é filha de Homero. Nasceu do ventre da Ilíada e da Odisséia. Sócrates, Platão, Aristóteles, germinaram a filosofia. Ésquilo, Sófocles, Eurípides, sangraram a tragédia. Mas foi a poesia de Homero que gerou e plasmou a alma eterna da Grécia. Roma foi de César, de Augusto, de Adriano. Mas sem a Eneida de Virgilio, as Odes de Horacio, as Metamorfoses de Ovídio, Roma teria sido um Império

BANQUEIRO DE DEUS E DO DIABO

RIO – O carrão preto, com motorista de libré, parava na porta da embaixada do Brasil em Roma, na mítica Piazza Navona. Descia um senhor baixo, 80 anos, terno escuro, colete cinza, camisa branca e gravata preta, bigodes à francesa e brilhantina no cabelo, um dos homens mais poderosos da Itália. Conde do Papa, ia buscar-me quando eu era adido cultural, para almoçar. Íamos aos mais discretos e refinados restaurantes

O BOSCO DA PUC

RIO – Às 20 horas de 13 de dezembro de 1968, em Recife, no auditório da Universidade Católica, o estudante de Direito Bosco Barreto (João Bosco Braga Barreto), paraibano, orador da turma, começava o discurso de formatura fazendo comovida e entusiástica saudação ao “grande comandante revolucionário Ernesto Che Guevara”, que morrera um ano antes. Muito azar. Naquele exato momento, em todas a rádios e TVs, Costa e Silva apavorava o