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RIO – O carrão preto, motorista de libré, parava na porta da embaixada do Brasil em Roma, na Piazza Navona, em 1991. Descia um senhor baixo, 80 anos, terno escuro, colete cinza, camisa branca e gravata. Um dos homens mais poderosos da Itália, conde do Papa, banqueiro de Deus, ia buscar-me para almoçar, a mim, pobre marquês, Adido Cultural.Íamos aos mais discretos e charmosos restaurantes de Roma, com os
RIO – Abreu Sodré estava deixando o governo de São Paulo, em 1970, e o general Medici articulava a escolha dos novos governadores. Mandou pelos Estados, numa sondagem prévia, o presidente da Arena, Rondon Pacheco, carregando uma pasta cheia de papéis em branco, com aquele ar e aquela gorda palidez de comissário do povo. Uma tarde, Abreu Sodré entrou no Palácio do Planalto para uma conversa com Médici: –
RIO – Nos fins de 1963, os jornalistas Murilo Marroquim e Benedito Coutinho, então os dois mais antigos repórteres políticos de Brasília, foram chamados à Granja do Torto, uma das residências oficiais do Presidente. João Goulart os esperava à beira da piscina, sozinho.Serviu uísque aos dois: – Vocês já estiveram na Rússia? Murilo já, Benedito não. – Pois se preparem que brevemente iremos a Moscou. Isso é inteiramente confidencial.
RIO – Severo Gomes, industrial, ministro da Agricultura no governo Castelo Branco e da Industria e Comercio no governo Geisel, senador por São Paulo, culto e patriota, chegou a Tutóia, pequeno porto do Parnaíba, no Piauí. Entrou no bar miúdo, ponta de rua. Na cabeceira da mesa, cabelos grisalhos, olhos esfuziantes, paletó e gravata, o velho professor do grupo escolar contava histórias de muito longe: – Alexandre, o grande
RIO – Faustino de Albuquerque era Promotor no interior do Ceará. Um amigo deu-lhe o filho para batizar e ainda pôs o nome dele no menino. Depois, Faustino foi juiz, desembargador, presidente do Tribunal de Justiça e acabou governador. Uma tarde, entra no palácio o afilhado Faustino de Albuquerque Silva com uma carta do compadre pedindo um emprego para o filho. Não havia vagas. A muito custo, o governador
TEMPOS DE JANIO RIO – Em 1968, nos turvos dias entre a passeata dos 100 mil no Rio e o AI-5, Jânio Quadros, cassado e longe de qualquer atividade política (ficou fora até da Frente Ampla de Juscelino e Lacerda) pediu ao deputado estadual Fernando Perrone, do MDB de São Paulo, um encontro com a esquerda. Queria conversar mais para saber melhor.Perrone, líder estudantil ligado ao Partido Comunista, inteligente e
RIO – Barbosa Lima Sobrinho, pelo PSD, e Neto Campelo Júnior, pela UDN, tinham disputado o governo de Pernambuco depois da ditadura de Getúlio, em 1947: Barbosa Lima, candidato de Agamenon Magalhães, e Neto Campelo, ministro da Agricultura de Dutra, candidato da Oposição. Na apuração, quase empate. Urna a urna, Pernambuco disputava, pelas rádios e alto-falantes, voto por voto. Ganhou Barbosa Lima. Mas houve muitas urnas impugnadas e as
PARIS – Se o saudoso e talentoso baiano Glauber Rocha estivesse aqui, teria que trocar o título de seu belo filme (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”) para “Deus e Dilma na Terra do Sol”. Ela não enganou ninguém. No começo da campanha Dilma disse a jornalistas no Palácio da Alvorada: – “Numa eleição a gente faz o diabo”. E como está fazendo! No primeiro turno Dilma
A LIÇÃO DE JK PARIS – Ninguém me contou, eu vi. Foi há muito tempo, na década de 50. Eu morava, estudava e trabalhava em Minas como jornalista político (“O Diário”, “Diário da Tarde”e “Jornal do Povo”do Partido Comunista). Juscelino havia resistido ao golpe que levou Getúlio ao suicídio em 24 de agosto de 1954 e era candidato natural do PSD, do PTB e das esquerdas à Presidência da
A JIRIPOCA PIOU PARIS – Ele entrou em minha casa no Rio, no fim de agosto, com os jornais na mão e o sorriso iluminado de sempre: – Meu pai, você esta enganado. Quem vai para o segundo turno com a Dilma é o Aécio, não é a Marina. 60% do país querem o PT fora do governo e vai votar para tirar. Não vão usar a Marina que